Palavras... Gosto delas.
Gosto das palavras. Elas inexplicam o óbvio. Outras vezes fazem o contrário. Isso não é um poder mágico advindo da junção de letras que formam sílabas depois, num átimo ou vagarosamente, constroem as palavras. Isso é maestria. Você usa as palavras para dizer aquilo que suas convicções – falsas em sua maioria – lhe orientam a fazer.
Há mensagens implícitas que nenhuma, nenhuma palavra é capaz de determinar um e um só significado. E também há aquelas que são tão cruamente ditas que qualquer contra-argumento ou tentativa de explicação – autoexplicação? – é capaz de entendimento. É como um jogo de tabuleiro. Um movimento, um suspiro no instante da jogada, um olhar desviado, um blefe é capaz de revelar ou ocultar aquilo que poderia ter sido dito ou calado. Por isso, gosto também do silêncio.
O silêncio é mais cortante. Ele orienta, por nossas falsas convicções, diversos significados que buscamos definir através de palavras que o quebram. O silêncio da indiferença, o silêncio da concordância, o silêncio da complacência, o silêncio do ódio, o silêncio da compaixão, o silêncio da espera… E essa dualidade entre a palavra e o silêncio é que constrói (destrói?) nossas convicções. Se somos seres sociais (parcialmente acredito que somos), inevitavelmente nos guiamos por essa palavra-silêncio ou esse silêncio-palavra que nos assombrar cotidianamente.
Contudo o que mais me chama atenção nas palavras, não são elas em si, são as pessoas que as usam. Já mencionei: usar palavras é maestria. É preciso um mestre que te não-ensine o que dizer, falar, escrever ou calar. Nós nos tornamos nossos mestres na utilização do nosso construto social. Somos a nossa subjetividade refletida e refratada através das palavras. Somos nossa individualidade parcamente conhecida por aquilo que defendemos como convicções (e há quem prefira o termo ideologia, mais isso é sociológico demais). E somos sociais porque partilhamos o cortante silêncio e o incômodo ato de enunciar quando interagimos com o outro.
Gosto das palavras. Gosto do silêncio. Não gosto das pessoas que não sabem utilizar ambas as coisas. E, por vezes, nem mesmo gosto de mim, porque eu, também, não sei usar nem as palavras nem o silêncio como poderia ou deveria. Gosto de poder saber disso. É como calar no instante exato em que enuncio do meu lugar subjetivo nesse discurso escrito.
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